O Mito da Deusa Pirichuchio entre a Ficção e a Realidade
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Resumo
Na Amazônia boliviana, uma longa tradição oral perduara entre as comunidades indígenas/camponesas. Muito desse legado das culturas antigas nos é transmitido através de mitos, histórias e lendas. Entre eles, um dos mais destacados é o do “Pirichuchio”. Narrativa que perdurou cinco séculos na memória coletiva, porque há pouco tempo foi apresentado o acontecimento do encontro de uma camponesa com um ser excepcional, que ela e a comunidade atribuíram ser esse ser. O texto aqui apresentado relaciona duas versões do mito (séculos XVII e XX). O tema principal não é apenas a narrativa fabulosa e fantasiosa da origem de Pirichuchio, o que é essencial é sua relação com a entrada dos conquistadores do Império Tahuantinsuyu na área. O mito evocaria a resistência que os habitantes dos Antis, os “chunchos”, poderiam apresentar. Esse ser alado encarnaria um rei-sacerdote, um rei-xamã iniciado por um amaru (serpente), um brasão Inka e um símbolo do Oriente. Ambas as analogias, rei-xamã/rei-sacerdote, remeteriam às formas de organização dessas sociedades amazônicas, como mostram os estudiosos da etnia tacana.
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