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Artigos

v. 8 n. 3 (2021)

DO SERTÃO AOS SERINGAIS: HISTÓRIA DE VIDA DE UM SERINGUEIRO AMAZÔNICO, A FAMÍLIA SUSSUARANA

DOI
https://doi.org/10.36026/rpgeo.v8i2.6525
Enviado
agosto 5, 2021
Publicado
20/11/2021

Resumo

Este trabalho tem como proposta apresentar a história de vida de um seringueiro amazônico que, como tantos, viveu os desafios e as mazelas impostas pelas secas do nordeste e as dificuldades do trabalho na floresta, iniciado no século XVIII. Trata-se do Seu Chico, Francisco Alves Sussuarana, de nome popular e sobrenome exótico cuja origem envolve narrativas que incidem em variações sincrônicas e diacrônicas, alimentando o imaginário de seus descendentes. Francisco Alves Sussuarana não foi herói nacional, muito menos, internacional, mas deixou um legado que mexeu com o pensamento coletivo de sua geração, mesmo após o centenário de seu nascimento (1909-1978). O valor desta pesquisa se encontra justamente no resgate da história/memória do pesquisado; construída por meio das narrativas de classes sociais composta de pessoas invisibilizadas, pelas narrativas históricas oficiais, que por ser uma pessoa humilde, não possui registros que pudessem facilitar os achados para subsídio deste trabalho. Contudo, a pesquisa seguiu percorrendo cominhos investigatórios exíguos e áridos, ao longo de dez anos, até que ganhasse corpo. A motivação deste estudo, se encontra na vontade de materializar em registro literário a história da família Sussuarana que, diante de tantos processos migratórios desafiadores, acabaram por perder algumas pistas que pudessem desvendar a trajetória deste seringueiro. Para isso, usamos a pesquisa bibliográfica para contextualização historiográfica e o método da história oral, no que tange a linha de abordagem de Meihy (2018) que prima pela abrangência de pesquisados que sejam depositárias das tradições. Ainda sob a luz da oralista Bosi (1994), que afirma que o passado conserva-se vivo e é expressado de forma automática na ação das pessoas; é o que ela chama de história hábito mas que também, por outro lado, podem ocorrer isoladamente, independente de ação ou hábito; são memórias singulares, autênticas, “verdadeira ressurreição do passado”, (BOSSI, 1994, p. 5). Este artigo corrobora com a abordagem teórica de Meihy e Bosi que destacam a importância das pesquisas das histórias locais, em confronto das histórias “oficiais”; enfatizam o valor das micro-histórias em contraponto às histórias “verdades” de “heróis”. Tínhamos tudo para sucumbir às explicações míticas, mas fomos desideratas, persistentes e resilientes; com apenas dois instrumentos a favor, a peculiaridade do sobrenome do pesquisado e o espírito investigativo, encampou-se uma década de estudos que suscitou resultados inéditos, reveladores e surpreendentes.

Referências

  1. BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: Lembrança de Velhos. 2. ed., São Paulo: T.A. Queiroz, 1994.
  2. COSTA, Francisco Pereira. Para a chuva não beber o leite. Soldados da borracha: imigração, trabalho e justiças na Amazônia, 1940-1945/Francisco Pereira COSTA ; orientador Shozo MOTOYAMA. - São Paulo, 2014.
  3. CLAVAL, Paul. A geografia cultural (Trad. Luiz Fugazzola Pimenta e Margareth de Castro Afeche Pimenta). Florianópolis: UFSC, 1999.
  4. ESPADA LIMA, Henrique. A Micro-história Italiana: escalas, indícios e singularidades. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
  5. MEIHY. José Carlos Sebe. Manual de História Oral – São Paulo: Editora Loyola, 5º edição, 2018.
  6. NASCIMENTO SILVA. Maria das Graças Silva. O Espaço Ribeirinho. São Paulo Terceira Margem. 2000.
  7. PALITOT, Aleksander Allen Nina. Rondônia uma história/Aleksander Allen Nina Palitot. – Porto Velho: Editora Imediata, 2016.
  8. CIDREIRA, Jeferson e Josué da Costa. “Geografias imaginárias”: as estradas aquáticas na (des) construção das representações estereotipadas do espaço da Pan-Amazônia – Porto Velho: Universidade Federal de Rondônia, 2021.

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