WAYO AKANÃ, A FESTA DO JACARÉ: NARRATIVA DE UM RITUAL DO POVO INDÍGENA ARARA KARO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36026/rpgeo.v8i2.6135

Palavras-chave:

Povo Arara Karo, Festa do Jacaré, Wayo Akanã, Re-existência

Resumo

O Povo Arara Karo constitui uma sociedade indígena da Amazônia. São falantes da língua Tupi Ramarama e moram na Terra Indígena Igarapé Lourdes, em Ji-Paraná, Rondônia, Brasil. A Festa do Jacaré é um dos rituais mais importantes realizados por esta etnia, uma ocasião de fortalecimento dos laços tribais e de afirmação identitária e cultural. Essa premissa mobilizou o estudo monográfico desenvolvido em 2016 na Universidade Federal de Rondônia (UNIR) no curso Licenciatura em Educação Básica Intercultural. O texto em tela é um recorte deste trabalho, cuja finalidade foi documentar aspectos importantes deste ritual, a festa tradicional do Jacaré na perspectiva Arara. Como investigação qualitativa adotou a pesquisa narrativa possibilitada pelos relatos de colaboradores e colaboradoras indígenas. Foi possível compreender que a Festa do Jacaré surgiu em tempos imemoriais, anterior ao contato com os não indígenas. A admiração e o respeito pelo animal possivelmente contribuiu para que este ritual passasse a fazer parte da vida do Povo Arara. Na atualidade, a Festa do Jacaré continua significando um recurso de afirmação ou marca cultural Arara nas práticas sociais e nas escolas indígenas. Um mecanismo de visibilização identitária diante de outras sociedades indígenas amazônicas. Apesar das situações-limites decorrentes do contato, concluímos que o Povo Arara produziu inéditos-viáveis e continua expressando aspectos significativos de sua re-existência traduzida em seu principal ritual cosmológico, a Wayo Akanã.

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Biografia do Autor

Marli Peme Arara, Universidade Federal de Rondônia.

Professora, liderança e pesquisadora indígena. Graduada na Licenciatura em Educação Básica Intercultural, UNIR – Campus Urupá de Ji-Paraná, área de Educação Escolar Intercultural no Ensino Fundamental e Gestão Escolar. Atual cursista da Especialização Lato Sensu em Educação Escolar Indígena da Unir/Deinter/Campus Ji-Paraná-RO, Brasil.

Josélia Gomes Neves, Universidade Federal de Rondônia

Doutora em Educação Escolar (2009). Docente na Licenciatura em Educação Básica Intercultural, professora no Curso de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado Profissional em Educação Escolar (UNIR). Líder do Grupo de Pesquisa em Educação na Amazônia (GPEA).

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Publicado

15/10/2021