“VAMOS DANÇAR O TORÉ BEBENDO MOCORORÓ": A FESTA DA EXPRESSÃO DA RESISTÊNCIA DO POVO INDÍGENA JENIPAPO-KANINDÉ (AQUIRAZ/CEARÁ - BRASIL)

Autores

  • Carolinne Melo dos Santos Universidade Federal do Ceará
  • Anna Erika Ferreira Lima Instituto Federal do Ceará
  • Antônio Jeovah de Andrade Meireles Universidade Federal do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.36026/rpgeo.v8i2.6158

Palavras-chave:

Resistência Indígena, Festas Indígenas, Bebidas Fermentadas, Terra Indígena

Resumo

A população indígena do Ceará é de aproximadamente 35 mil pessoas, nas quais estão representadas as 15 etnias existentes no Estado. Esses grupos étnicos possuem em suas histórias processos de luta e resistência pela demarcação de seus territórios e fortalecimento de suas culturas. Com efeito, o ensaio ora sob relato visa a analisar a relação da luta territorial e a cultura alimentar do povo Jenipapo-Kanindé, cuja Terra Indígena (TI) é localizada no Município de Aquiraz, distante 53 km da capital, Fortaleza. A interseção dos temas se dá com suporte na comemoração da Festa do Mocororó, evento focado na bebida indígena, fermentada à base de caju, e que tem como intenção principal comemorar a declaração do território no processo jurídico de reconhecimento da terra. A primeira festa aconteceu no ano de 2017, no dia 4 de novembro, sempre na mesma data, com exceção de 2020, já durante a pandemia de covid-19. A metodologia adotada para o trabalho foi qualitativa, com revisões bibliográficas, cinco entrevistas semiestruturadas, de maio de 2019 a fevereiro de 2021, trabalhos de campo e observação participante durante a Festa do Mocororó de 2019. Identificou-se o fato de que a festa representa, não somente, a demarcação da terra, mas também a vitória contra grupos empresariais que ameaçavam esse povo.

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Biografia do Autor

Carolinne Melo dos Santos, Universidade Federal do Ceará

Mestranda em Geografia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) ,Graduanda em Bacharelado em Turismo no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE), Especialista em Gastronomia (2019) pela Faculdades Nordeste (FANOR) e tecnóloga em Gastronomia (2016) também pela referida faculdade. . Organizadora de eventos (2017) pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) do Ceará. Bolsista de Iniciação Científica (PIBIC) CNPQ de agosto de 2018 à setembro de 2020. Membro do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI) do IFCE - Campus Fortaleza desde agosto de 2018 à janeiro de 2020 . Trabalha com os seguintes temas : território, cultura alimentar indígena do Ceará,bebidas indígenas, confeitaria brasileira e turismo.

Anna Erika Ferreira Lima, Instituto Federal do Ceará

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE - Campus Fortaleza;
Programa Associado de Pós-Graduação em Ensino e Formação Docente - UNILAB/IFCE;

Antônio Jeovah de Andrade Meireles, Universidade Federal do Ceará

Professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e dos Programas de Pós-Graduação em Geografia e em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA). Doutor em Geografia pela Universidade de Barcelona (2001). Desenvolve pesquisas em Geociências, com ênfase em Geografia Física e Geomorfologia atuando principalmente nos seguintes temas: indicadores geoambientais de flutuações do nível relativo do mar e mudanças climática, evolução geomorfológica da planície costeira, planejamento e gestão, impactos socioambientais de grandes empreendimentos no litoral, cartografia social, justiça ambiental e climática. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1B

 

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Publicado

15/10/2021