BEM VIVER E UBUNTU: A INTERSECCIONALIDADE DAS AFROPERSPECTIVAS E DO PENSAMENTO AMERÍNDIO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36026/rpgeo.v10i3.8133

Palavras-chave:

Palavras-chave, Bem Viver; Ubuntu; Territorialidades.

Resumo

Este artigo propõe um estudo de base teórica que projeta o conceito de Bem Viver e Ubuntu para os povos afro-ameríndios no campo da Geografia Cultural. Debate a semelhança das perspectivas dos grupos coletivos afro e indígenas que serão o fio condutor para a proposta de ampliação do entendimento sobre o Bem Viver e Ubuntu com foco na territorialidade ancestral. O artigo procura responder a problemática: de que forma o pensamento afrodiaspórico e ameríndio pode contribuir com suas vivências de Bem Viver e Ubuntu para pensar as noções de territorialidade? Lança mão de revisão bibliográfica sobre o conceito de Bem Viver e também Ubuntu, assim como de trabalhos autorais, livros, teses e dissertações de autores africanos e indígenas que tratam de suas visões de mundo, com foco nas territorialidades. É possível que os quadros teóricos hegemônicos da Geografia de filiação eurocêntrica engessem, em alguma medida, a possibilidade de pensar outras cosmovisões, porque as primeiras noções tratam de apenas um tipo de natureza humana. O Antropoceno sofre de uma crise epistêmica, pois os povos afro-ameríndios a cada momento ocupam espaços de debate e projetam suas filosofias no enfrentamento ao modelo capitalista ocidental e suas fronteiras epistêmicas com base nas variações da natureza humana. Tal pensamento ocidental tem levado o planeta a metabolizar a natureza em mercadoria, reduzindo a vida na terra a um modelo civilizatório. As populações que habitam a Abya Yala, ao contrário, com alguma variação, têm suas relações com suas espacialidades historicamente baseadas na biointeração da espécie humana com seu ambiente natural e, portanto, definem seus modos de vida em diálogo com os seres visíveis e invisíveis em um processo colaborativo, onde a Natureza tem suas humanidades, no plural. 

Biografia do Autor

  • Simone Rodrigues dos Santos Gomes, Universidade Federal de Rondônia

    Mestra em Geografia pelo Programa de Pós-graduação Mestrado e Doutorado em Geografia da Universidade Federal de Rondônia (2024); Graduação em Geografia pela Universidade Estadual da Paraíba (2011); Graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual da Paraíba (2014); Especialização em Docência na Educação Infantil pela Universidade Federal da Paraíba (2016). Tem experiência na área de Educação com ênfase em Ensino-Aprendizagem; Pesquisa a Filosofia do Ubuntu; Pesquisa o Bem Viver. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas, Modos de Vida e Culturas Amazônicas (GepCultura).

  • Éder Rodrigues dos Santos, Universidade Federal de Rondônia

    Doutorando em Geografia pelo Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Rondônia (PPGG/UNIR), Mestre em Geografia pelo Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGEO) da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Bacharel em Ciências Sociais, com habilitação em Sociologia pela UFRR e bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo (UFRR). Possui especialização MBA em Marketing pela Universidade Gama Filho (UGF/AM). É membro do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Modos de Vidas e Culturas Amazônicas (UNIR), da Mostra Internacional do Cinema Negro (SP) e do Comitê Pró-Cultura Roraima.

  • Josué da Costa Silva, Universidade Federal de Rondônia

    osué da Costa Silva possui graduação em Geografia pela Universidade Federal de Rondônia (1989), Mestrado em Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (1994), Doutorado em Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (2000) e Pós Doutor pela Universidade Estadual de Londrina (2016). Atualmente é professor Titular do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) (2018). Tem experiência com graduação e pós-graduação, tendo coordenado o Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente (2004-2005) e o Programa de Pós Graduação em Geografia (2006-2010), ambos da Universidade Federal de Rondônia. Coordenador do G.E.P. Modos de vidas e Culturas Amazônicas-GepCultura que tem como ênfase de estudos e temas: Geografia Cultural, Desenvolvimento Regional, Cultura Amazônica, Amazônia, Povos amazônicos cultura e território; Populações Ribeirinhas e Populações Tradicionais, Geografia Regional, Território e Cultura, Território e Conflito, Espaço e Representação, festas e festejos populares, geografia e literatura, geografia e música, representações artísticas populares, espaço e representações míticas, ensino de geografia, hiperculturalidades, Cultura e globalização, representações culturais e estruturas midiáticas, modos de vidas de populações tradicionais, originárias, Populações Amazônicas, Sociedades Rurais. Estudos das territorialidades negras, religiões de matrizes africanas, catolicismo afro-brasileiros, ancestralidades, epistemes culturais latino-americanas, relações diferenciaras com a natureza através do bem viver e Ubuntu. Fortalecimento dos saberes e promoção da formação política para povos originários. Coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas Modos de Vidas e Culturas Amazônicas (GEPCultura). Participa ainda como sócio da Rede Núcleo de Estudos e Pesquisas em Espaço e Representações-NEER. Editor Gerente e fundador da Revista Presença Geográfica-RPGeo. 

Referências

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30/12/2023

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