BEM VIVER E UBUNTU: A INTERSECCIONALIDADE DAS AFROPERSPECTIVAS E DO PENSAMENTO AMERÍNDIO
DOI:
https://doi.org/10.36026/rpgeo.v10i3.8133Palavras-chave:
Palavras-chave, Bem Viver; Ubuntu; Territorialidades.Resumo
Este artigo propõe um estudo de base teórica que projeta o conceito de Bem Viver e Ubuntu para os povos afro-ameríndios no campo da Geografia Cultural. Debate a semelhança das perspectivas dos grupos coletivos afro e indígenas que serão o fio condutor para a proposta de ampliação do entendimento sobre o Bem Viver e Ubuntu com foco na territorialidade ancestral. O artigo procura responder a problemática: de que forma o pensamento afrodiaspórico e ameríndio pode contribuir com suas vivências de Bem Viver e Ubuntu para pensar as noções de territorialidade? Lança mão de revisão bibliográfica sobre o conceito de Bem Viver e também Ubuntu, assim como de trabalhos autorais, livros, teses e dissertações de autores africanos e indígenas que tratam de suas visões de mundo, com foco nas territorialidades. É possível que os quadros teóricos hegemônicos da Geografia de filiação eurocêntrica engessem, em alguma medida, a possibilidade de pensar outras cosmovisões, porque as primeiras noções tratam de apenas um tipo de natureza humana. O Antropoceno sofre de uma crise epistêmica, pois os povos afro-ameríndios a cada momento ocupam espaços de debate e projetam suas filosofias no enfrentamento ao modelo capitalista ocidental e suas fronteiras epistêmicas com base nas variações da natureza humana. Tal pensamento ocidental tem levado o planeta a metabolizar a natureza em mercadoria, reduzindo a vida na terra a um modelo civilizatório. As populações que habitam a Abya Yala, ao contrário, com alguma variação, têm suas relações com suas espacialidades historicamente baseadas na biointeração da espécie humana com seu ambiente natural e, portanto, definem seus modos de vida em diálogo com os seres visíveis e invisíveis em um processo colaborativo, onde a Natureza tem suas humanidades, no plural.
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