Corpos escalpelados: entre marcas físicas, sociais e educativas
DOI:
https://doi.org/10.26568/2359-2087.2020.4717Palavras-chave:
Práticas sociais e educacionais. Corpo escalpelado. Amazônia.Resumo
Estuda-se a situação de vulnerabilidade de mulheres ribeirinhas vítimas de escalpelamento na Amazônia, com o objetivo de compreender como ocorre o processo de construção das marcas sociais e educacionais tatuadas em seus corpos, atravessadas pelas percepções socioculturais. A metodologia de abordagem qualitativa teve as entrevistas narrativas (auto)biográficas como instrumento para a produção de dados obtidos com dez mulheres escalpeladas. As narrativas evidenciam que sentimentos de vergonha e medo das mulheres surgem em diferentes contatos sociais, os quais reforçam atitudes de autoexigência e autodepreciação, bem como de resistência. Concluímos que as mulheres ao narrarem sobre as marcas do preconceito e descriminação, revelam aventuras, comédias e dramas de suas vivências em variados cenários social, educacional, tornando-se, as protagonistas de suas sociabilidades, uma vez que são elas que escrevem e reescrevem sua história, constroem seu jeito de ser e pensar-se, fazem cultura, marcam sua presença e recriam seus territórios dentro desse novo corpo.
Downloads
Referências
AMANTINO, M. E eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. In: PRIORE, M.D.; AMANTINO, M. (org.). História do corpo no Brasil. São Paulo: Editora Unesp, 2011.
ARROYO, M. G.; SILVA, M. R. da. (org.). Corpo infância: exercícios tensos de ser criança por outras pedagogias do corpo. Petrópolis. Vozes, 2012.
ARROYO, M. G.; SILVA, M. R. da. Imagens quebradas: trajetórias e tempos de alunos e mestres. 8 ed.. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014
BAUER, M. W; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. 13. ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2015.
BOGDAN, R. BIRKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto e Porto, 1994.
BOURDIEU, P. A gênese dos conceitos de habitus e de campo. In: O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
CAVALCANTE, Lucíola Inês Pessoa; WEIGEL, Valéria Augusta C. de M. Educação na Amazônia: oportunidades e desafios. In: Alex Fiúza de Mello. (org.). O futuro da Amazônia: dilemas, oportunidades e desafios no limiar do século XXI. Belém: EDUFPA, 2002, v. , p. 71-86. Disponível em: www.desenvolvimento.gov.br. Acesso em: 02 de abril de 2015.
FERRAÇO, C.E. Eu, caçador de mim. In: GARCIA, R.L. (org.). Método: pesquisa com o cotidiano. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
FRAXE, T. de J. P.; WITKOSKI, A. C. e MIGUEZ, S. F.. O ser da Amazônia: identidade e invisibilidade. In: Ciência e Cultura, vol. 61, n. 3, 2009. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S000967252009000300012&script=sci_arttext&tlng=es. Acesso em: 30 Mai. 2019.
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000.
OLIVEIRA, Luciana de; VIEIRA Vanrochris Helbert. Nas tramas do discurso: sociabilidade comunicação cultura poder. Intexto, Porto Alegre, UFRGS, n. 33, p. 46-63 maio/ago. 2015.
OLIVIER, Giovanina Gomes de Freitas. Um olhar sobre o esquema corporal, a imagem corporal e a corporeidade. 1995. 100f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Fisica, Campinas, SP. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/275242. Acesso em: 15 de fev. 2019.
GONÇALVES, C. W. P. Amazônia, Amazônias. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2005.
GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. LTC, 1981.
HAGE, S. M. Por uma Educação do Campo na Amazônia: currículo e diversidade cultural em debate. In: CORRÊA, Paulo Sérgio de A. (org.). A Educação, o currículo e a formação dos professores. Belém, EDUFPA, p. 149-170, 2006.
LE BRETON, D. A sociologia do corpo. Petrópolis: Vozes, 2007.
LOURO, G. L. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
PANELLA, R. J. Corpo, cultura e educação. São Paulo: Cultura Acadêmica. 2017.
SILVA, T. T. da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
PITANGA, M. E. S. As representações sociais da família construídas pelas meninas atendidas na Casa Mamãe Margarida na cidade de Manaus/AM. Manaus: FACED/UFAM, 2006. [Dissertação de Mestrado]. Disponível em: http://hdl.handle.net/123456789/1905. Acesso em: 10 de out. de 2018.
SCHÜTZE, F. Pesquisa biográfica e entrevista narrativa. In: WELLER, W.; PFAFF, N. (orgs). Metodologias da pesquisa qualitativa em educação: teoria e prática. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
STROPASOLAS, V. L. Os significados do corpo nos processos de socialização de crianças e jovens do campo. In: ARROYO, M.; SILVA, M. R. da. (org.) Corpo infância: exercícios tensos de ser criança por outras pedagogias do corpo. Petrópolis. Vozes, 2012.
THOMPSON, E. P. Tradicion, revuelta y consciência de classe. Barcelona: Crítica, 1984.
WELLER, W. Tradições hermenêuticas e interacionistas na pesquisa qualitativa: a análise das narrativas segundo Fritz Schütze. In: Reunião Anual da ANPED, 32., 2009, Caxambu, MG. Anais... Caxambu, MG: ANPED, 2009. p. 1-16.
Entrevistas
ANDIROBA. Entrevista concedida por mulher escalpelada à Edwana N. Almeida. Belém, PA, 05 jul. 2019.
COPAÍBA. Entrevista concedida por mulher escalpelada à Edwana N. Almeida. Belém, PA, 09 jul. 2019.
MAÇARANDUBA. Entrevista concedida por mulher escalpelada à Edwana N. Almeida. Belém, PA, 08 dez. 2015.
MAMORANA. Entrevista concedida por mulher escalpelada à Edwana N. Almeida. Belém, PA, 27 mai. 2019.
MANGUEIRA. Entrevista concedida por mulher escalpelada à Edwana N. Almeida. Belém, PA, 04 jul. 2019.
PALMEIRA. Entrevista concedida por mulher escalpelada à Edwana N. Almeida. Belém, PA, 18 nov. 2019.
SAMAUMA, Entrevista concedida por mulher escalpelada à Edwana N. Almeida. Belém, PA, 22 mai. 2019.
SERINGUEIRA. Entrevista concedida por mulher escalpelada à Edwana N. Almeida. Belém, PA, 12 jul. 2019.
SUCUUBA, Entrevista concedida por mulher escalpelada à Edwana N. Almeida. Belém, PA, 12 agosto 2019.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).