Sob a lente de uma médica nos alvores do Estado Novo - apontamentos de puericultura
DOI:
https://doi.org/10.26568/2359-2087.2020.5135Palavras-chave:
Estado Novo. Infância. Cuidar. PuericulturaResumo
O estudo que se apresenta, e que se integra na linha de investigação desenvolvida por autores deste trabalho “A Infância: políticas, instituições e educação”, tomou como objeto de análise o livro “Cuidemos das criancinhas. Noções de puericultura”, da médica Emília Augusta de Sá Vargas Morgado, publicado em 1942. Tal análise, cuidada e como observação interpretativa de índole sócio histórica e sentido crítico, entende o livro enquanto memória que permite compreender e interpretar a pessoa e o mundo em múltiplas dimensões (política, histórica, social, económica, cultural, etc.), sendo aqui estudado em torno de dois objetivos principais: entender o papel da família, e em concreto da mulher, na educação das crianças mais novas no Estado Novo em Portugal e discutir o desenvolvimento da puericultura enquanto instrumento estatal capaz de intervir na esfera privada das famílias, ao abrigo do combate à mortalidade infantil. No quadro da matriz sócio histórica traçada conclui-se sobre o papel preponderante do Estado Novo em relação àquilo que importava difundir para preservar uma infância sã e moralmente adequada, baseada nos saberes médicos, psicológicos e pedagógicos, aqui corporizados na puericultura. O combate ao forte problema da mortalidade infantil foi assumido pelo Estado Novo com o objetivo estratégico de entrar na esfera privada das famílias e contribuir para a normalização dos indivíduos desde o seu nascimento.
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